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segunda-feira, 17 de março de 2014

[Série] The After


A plataforma Amazon Studios encomendou, a Chris Carter (Ficheiros Secretos/The X-Files e Millennium), um piloto de uma série de Ficção Científica, The After. Se esta for bem aceite entre o público e a restante opinião especializada, terá todas as hipóteses de se tornar uma série completa.

Gosto da premissa desta plataforma. Ao invés de serem executivos a cancelar as séries, por vezes sem ideia do que estão a fazer, somos nós, os fãs. Depois há séries que continuam e que não levam a machadada. é um pau de dois bicos que este tipo de plataformas vem tentar corrigir. A par com o Amazon Studios, temos o Netflix que também "encomenda" séries. 
Ora, isto é bastante positivo. A série, isto se passar a série, terá toda uma liberdade que nunca poderia ter em televisão ou por cabo. Existe um fundo inteiramente dedicado à série – imaginem que pagaram 100 euros pela série X, então a série só tem isso e terá de se governar com o orçamento. Por um lado irá manter as coisas mais em perspectiva e mais "reais" ao invés de se gastarem balúrdios com a série e no fim dar prejuízo. Apesar de adorar, minto, venerar Breaking Bad sei de vários episódios que ultrapassaram o orçamento estipulado e, por essa razão, tiveram de produzir episódios mais simples como o Fly. Este episódio passou-se num só cenário e apenas com duas personagens; em vez de usarem todos os artifícios da série, focaram-se no enredo, no desempenho das personagens e caracterização. Foi mais humano e pessoal, mas teve críticas mistas. Eu gostei muito.

Já me estou a afastar do assunto. Eis a Amazon Studios e agora vamos falar de The After.
Como é apanágio de Chris Carter, a série bebe muito de Ficheiros Secretos, o que é bom para quem segue o senhor e quer mais do mesmo. Após anos sem qualquer contacto com a série, ver The After é quase como regressar a casa.
Neste episódio acontece alguma coisa que afecta catastroficamente a cidade e nós ficamos logo a saber disso, mas o quê? Pois. Nem as personagens o sabem. Gigi (a francesa e personagem principal), D. Love (o negro token), McCormick (o irlandês conflituoso e asneirento), Tammy (a loira), David (literalmente palhaço), Francis (a velha rica?), Marly (a polícia) e Wade (Adrian Pasdar. Só precisam do nome dele, está bem, o advogado de classe alta convencido) encontram-se presos num parque de estacionamento enquanto lá fora o caos varre a cidade, pessoas fogem, helicópteros despenham-se e ouvem-se explosões ao longe. O pensamento lógico é que o país foi invadido por terroristas e seguem com isso.

Após alguns acontecimentos, o grupo vê-se na mansão da velha rica e começam a saber mais detalhes dos acontecimentos: não há água, electricidade, comunicações, cada elemento possui uma tatuagem estranha e partilham a mesma data de nascimento. É quando as coisas se desenvolvem que vamos conhecendo melhor as personagens, criam-se laços e os inevitáveis conflitos necessários para haver aquele atrito na história. É aqui que se estabelecem os clichés e as tropes das personagens: quem é o herói e aquele que menos interessa para a história. A francesa é a coitada, com a família, que quer unir o grupo e tentar perceber o que se passa, o negro procura redenção e compreensão, mas não larga a arma, o irlandês bebe e continua a praguejar, o advogado não larga os seus luxos e a acompanhante, bem, digamos que as feministas não iriam gostar do papel dela. Nada de novo até aqui; já vimos isto muitas vezes.

Outras pessoas atacam a mansão, claro, porque num mundo apocalíptico preocupam-se mais com dinheiros do que com o bem comum e o grupo espalha-se. Sim, tem de ser! Cada um por si. Mas espera, o que é aquilo a mexer-se nas árvores? Parem de ler agora se não quiserem ser spoilados: um... alien?
E o corpo dele está marcado com as tatuagens das nossas personagens. Depois de uma saída à lá Exorcista do alien, a série termina naquele cliffhanger: o que era aquele ser?, que significam as tatuagens?, que ligação existe entre as datas de aniversário?! Ah, e quanto tempo passaram presos?


Pronto, agora só teremos respostas se o piloto passar a série. Espero que sim, pois odeio ficar "pendurado", mas foi uma jogada de mestre, acabar um piloto desta forma assegurará os pontos de interrogação de todos aqueles que querem saber o que vem a seguir. Boa, Chris.
Não foi das melhores coisas que já vi, admito, mas foi o piloto necessário para avançar devagar para introduzir o mundo e as personagens. No geral, até ao fim, foi competente e cumpriu o seu propósito: ter mistério q.b. para querermos mais. Eu quero, mas existem arestas a limar. Por exemplo? Não tornem as personagens tão estereotipadas. Já estava cansado de ouvir o irlandês e os seus fuck, fucken, fucking. Calma. Criem personagens mais reais com que nos possamos relacionar. Mantenham a história e o andamento e teremos - talvez - um novo Lost ou Flashforward (as coisas que poderia dizer sobre esta série. Eu gostei, okay?)
Havia situações patetas e exageradas, mas o propósito destes episódios piloto é atirar uma mão cheia de conceitos à parede e o que colar é o que irá ser utilizado nos restantes episódios. Quem sabe, se no verdadeiro primeiro episódio não começam no zero? Elenco novo, outros cenários? Enfim. Não é algo totalmente descabido e já o fizeram noutras séries. Isto foi um teste e passaram com um Satisfaz, mas há espaço para melhorar.

Se ainda não viram, procurem pelo episódio nos locais habituais ou se tiverem o serviço Amazon Studios, vejam lá e votem. Ou não, é convosco, mas digo-vos que mais Ficção Científica é sempre bem-vinda e há que dar uma oportunidade. Mais, é o Chris Carter! Andem lá...

[ACTUALIZAÇÃO] Ao que parece a série foi aprovada, portanto, yay! Espero que tenham em consideração os pontos fracos que mencionei aqui e melhorem o que já têm. Por mim, vou ficar à espera de mais.


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