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terça-feira, 25 de junho de 2013

Iain M. Banks (1954 - 2013) fala ao The Guardian pela última vez


Queria deixar aqui um link para a última entrevista dada por Iain M. Banks ao The Guardian. É algo extensa, mas muito boa. Se puderem, percam um pouco do vosso tempo.
Entretanto, queria deixar aqui o meu comentário quanto ao autor e ao seu falecimento. É um desabafo pessoal.


Cliquem para ler mais, se fazem o favor.

Faz algumas semanas, se não poucos meses que o autor Iain M. Banks faleceu vítima de cancro.
Não vou dizer que era o meu autor favorito, mas tinha-o descoberto há relativamente pouco tempo; era autor de Ficção Científica, talvez um dos meus primeiros autores de FC e Space Opera hardcore portanto é estranha esta partida repentina antes de poder apreciar o seu trabalho.

O meu primeiro contacto com a sua obra foi através da saga Culture, o livro era Matter e o ano era 2010. Adiei a sua leitura, não me recordo por que razão, mas lá foi ficando até à época natalícia. Foi então que, ao ir para Leiria, comecei a ler num dos autocarros da Rede Expresso. E adormeci.
O livro não era mau, nem por sombras. Era cativante; tinha personagens ricas e situações, para mim, novas. Adormeci porque estava cansado do trabalho e então deixei o livro dentro daquelas redes das cadeiras até ao meu destino. Cheguei a Leiria e esqueci-me dele. Pronto. Deu-me imensa pena ter perdido um livro, não aquele, mas UM livro. Se alguém o encontrou e leu, espero que tenham gostado e dado valor ao autor.

Anos volvidos, poucos porque foi em 2012-13, decidi voltar a tentar. Sugeri à minha namorada que me oferecesse o Consider Phlebas pelo Natal, visto ser o primeiro da saga. Depois de muitos problemas com o site, correios e sei lá que mais, finalmente chegou. Consider Phlebas.

Mal o tive nas mãos, não esperei. Li logo, devorei, aliás. Nos transportes (e nunca me esqueci dele), nas horas de almoço do trabalho e antes de me deitar. Adorei. Tinha decidido, ia ler a saga toda de Banks.
E eis que o senhor anunciou que tinha cancro em fase terminal; e apenas alguns meses de vida. Foi um anúncio alegre, quase. Não foi uma lamentação ou aflição. Quer-me parecer que apesar de tudo, o autor estava bem com a sua condição, se é que podemos estar bem com um cronómetro. Fast Forward alguns meses, menos do que aqueles previstos por Iain, e fora dada a notícia do seu falecimento. Não tinha lido mais nada dele.
Como de costume, as publicações que anunciavam a sua morte sublinhavam algumas das suas obras mais marcantes, tanto de ficção "normal" como de FC. Irei ler, claro. Irei ler se puder, mas o ambiente de leitura vai estar assombrado por aquela aura mística de que o autor já cá não está e mais nada do género irá sair da sua cabeça. O mesmo sentimento que alguém sente ao ler Saramago. O mesmo sentimento que alguém irá sentir ao ler George Martin se este não se despachar...

A marca de alguém não é deixada pela sua morte, mas sim pelo que deixou para trás. Eu, como saudosista que sou, estimo imenso as pegadas materiais ou psicológicas de alguém. Memórias.
Sejam fotografias ou objectos da minha mãe, sejam livros/voz de um autor.
Iain M. Banks não era o meu autor favorito, ainda não, a sua morte não irá aumentar a afecção que tenho pelo senhor, mas foi o meu primeiro autor hardcore de Space Opera e já se diz que o primeiro nunca se esquece.

Descansa em paz, Banks, vemo-nos na próxima página.

I listened to the recording of our conversation after the inevitable became actual, and what struck me was that most of the time we were just laughing. That laughter is gone. But its echoes are headed to the edge of the known universe.



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